Tinha por volta de seis anos quando aprendi que cogumelos são legais, te deixam mais forte e te fazem crescer. Por sorte, não me senti tentado, naquela época, a experimentar alguns que nasciam no quintal de casa, ou as conseqüências poderiam ter sido bastante ruins, uma vez que nesta idade não tinha consciência do certo ou errado, muito menos da toxicidade de algumas espécies de cogumelo, o que sabia era que o Mario consumia, e ficava bem maior e mais forte.
Clássico absoluto e incontestável, Super Mario Bros. foi lançado em 1985 para o NES, e trazia uma aventura repleta de fases e desafios dos irmãos Mario - Mario Mario e Luigi Mario - em sua busca para salvar a Princesa Peach – do Reino dos Cogumelos – das garras do maléfico Bowser. Até hoje é o jogo mais vendido da história, com algumas dezenas de versões e remakes que o tornou acessível para uma horda de gamers de diversas gerações, e transformou seu criador, o sorridente Shigeru Miyamoto – o homem, o cara, a lenda – , na maior figura pop do entretenimento eletrônico.
Os cogumelos foram um dos primeiros alimentos colhidos pelos povos pré-históricos, mas seu cultivo, no entanto, só teve início na antiguidade [Fonte], sendo algumas espécies comestíveis amplamente utilizadas na culinária de diversos países, como o Champignon e o Shiitake, que incrementam de molhos a saladas. Devido ao seu elevado conteúdo protéico, o cultivo dos cogumelos comestíveis tem sido apontado como uma alternativa para incrementar a oferta de proteínas nas dietas cada vez mais pobres a que a sociedade moderna e seu estilo de vida se impõe. Vários estudos apontam para a existência de propriedades medicinais de algumas espécies, como o Agaricus brasiliensis, o famoso Cogumelo do Sol, uma espécie nativa do Brasil e com grande potencial terapêutico, que na propaganda da TV cura tudo, de unha encravada a depressão.
Por outro lado, existem cogumelos com propriedades alucinógenas, utilizados tradicionalmente por diversos povos ao redor do mundo, principalmente em rituais religiosos – e também nas, nem tão religiosas assim, orgias romanas . Um dos mais conhecidos destes é o Psilocybe Cubensis, no entanto outras espécies de Psilocybe e mais raramente em outros gêneros, como “Campanella” tem as mesmas propriedades, devido à presença de psilicona e psilocibina, uma substância com efeitos similares, ao LSD.
Mas que culpa tem Mario nisso tudo? A bem da verdade quase nenhuma, a não ser uma certa culpa sugestionada. Em nenhum game do bigodudo que tenha jogado eu o vi “comendo um cogumelo”, o que ele faz é, no máximo, encostar nele, mas uma criança de 6 anos não é capaz de perceber a sutil diferença, ainda mais em um console 8 bits com parcos recursos gráficos e apenas 25 cores simultâneas na tela. Sendo assim, para mim Mario era um consumidor compulsivo de produtos naturais, que mantinha uma dieta à base de cogumelos e flores de fogo selvagens, que lhe davam super-poderes capazes de fazê-lo superar até mesmo um lagarto gigante cuspidor de fogo.
Recentemente, um pastor de uma igreja evangélica postou um interessante – porém nada relevante – artigo sobre os Males dos Vídeo Gueimes onde também evidenciava o potencial alucinógeno dos cogumelos presentes no jogo. Segundo o pastor, Mario é “Um encanador italiano [que] se apaixona por uma cortesã da realeza do Reino dos Cogumelos (alucinógenos), porém ele nunca consegue concretizar seu amor, pois esta cortesã é seqüestrada por um demônio que tomou forma de lagarto (Browser).” Surpreendentemente o pastor não atentou para o fato de Mario ser um provável consumidor dos fungos alucinógenos, apesar de atestar a doce princesa – que leva a vida fazendo bolos e sendo sequestrada – como uma cortesã.
Se, quando tinha seis anos e conheci Mario, o comedor de cogumelos, fosse suficientemente burro, teria comido alguns fungos do quintal e, no mínimo, teria tido uma bela indigestão. Mas até que ponto os games influenciam o jogador (com ou sem a ajuda do oculto, como assegura o pastor)? Para mim uma coisa é uma coisa, e outra é outra, assim como um algarismo par não é ímpar. Somente se influenciam os fracos e os tendenciosos, e a relação é sugerida apenas nos casos negativos. A notícia de que cirurgiões americanos que jogam Nintendo Wii apresentaram melhores respostas reflexas durante as cirurgias pouco foi divulgada fora da mídia especializada, em contrapartida, sites e jornais do mundo todo alardearam o caso do adolescente americano que matou a mãe e feriu o pai após ser proibido de jogar Halo 3.
Tudo é muito relativo e deve-se tomar o devido cuidado com a alegação de “influência gamer”. Até que ponto esta influência é real e factível – e, sendo assim, passível de mensuração –, e a partir de quando passa a ser mero instrumento de defesa legal? A discussão ainda dará muito pano pra manga.
Enquanto isso, Mario continua consumindo seus cogumelos e flores de fogo, e é preciso lembrar que os romanos não precisaram jogar vídeo game para aprenderem que os cogumelos apimentavam as orgias.
12 comentários:
Concordo com vc Luciano quando diz que se influenciam pelos jogos de video game os fracos e os que tem a memória fraca. E onde o jogo do Super Mario tem tantas imagens fantasiosas do tipo demônio, cortesã, etc? Só na mente desse pastor evangélico mesmo! Eu acho q essa pessoa se deixou influenciar demais pelo jogo só isso. Quem sabe ele não foi um jogador compulsivo?
"Quem não deve, não teme" diz o ditado popular...
Venha conhecer meu novo blog:
http://minhasmemoriasdeinfancia.blogspot.com
Belo post!
Abraços
Luciano,
eu nunca fui um adorador de video game, mesmo tendo o Atari e Master System, que eram os brinquedos do momento, quando criança. E, dentre os jogos que tive, não tinha Mario Bros. E, na verdade, nem cheguei a jogá-lo. Mas este assunto da influência dos jogos está em alta, pois tem matérias na internet e nas revistas recentes mostrando mais benefícios que malefícios, então, acredito que o que causa problema são os excessos mesmo, e não o uso do mesmo.
Se fosse assim, eu seria um matador de primeira e o título do meu blog uma grande ironia, tamanha a quantidade de filmes de terror que vejo desde os tempos em que já sabia que era um pré-adolescente...rss
Convencer uma massa de que estes produtos não são milagrosos torna-se impossível, pois o poder da mídia sobre elas para o consumo é quase imbatível. Então, teremos sempre que ouvir o povo falando que cogumelo cura tudo! Para mim, só mata a fome, mata e alucina kkkk Ah, e cicla nutrientes!
Um abraço.
Marcelo.
Mylla,
Também fiquei me perguntando de onde ele tirou tanta "inspiração" para escrever o post, e fabricar tantas correlações. Mas pensando bem até que é compreensível.
Visitarei o novo blog.
Abraços.
Marcelo,
É exatamente assim que penso. Essas afirmações de que produtos de mídia como jogos, filmes e música formatam o caráter da pessoa são contestáveis e forçados. E sim, também acho que ainda passarão um bom tempo falando dos milagres do cogumelo. Fazer o quê...rs
Grande abraço.
Eu comecei a jogar Mário, no Master System e depois em outros consoles. Até mesmo o tetris do meu game boy tem o Dr.Mário. Enfim, não enlouqueci!!
Recentemente li uma reportagem dizendo que os jogos, pela concentração que te obriga, ajudando a 'fugir' momentâneamente dos problemas, funcionaria como uma válvula de escape para os problemas depressivos, ajudando a superá-los.
Doom foi apontado como causador dos transtornos que levou ao massacre em Colombine, o que é apenas uma suposição. A pessoa tem que ter dentro de si um violência maior latente para explodir. Todo o meio influencia nas atitudes.
O personagem meigo de Mário pode povoar mentes doentes que veem interdição em tudo, mas esquecem que o exercício de cumprir objetivos, as passagens de fases; se precisam de persistência, ensinam também a ter paciência. E como precisamos de paciência hoje em dia!!
Boa semana! Beijus
Oi,Luciano.Parabéns pelo domínio!Tambpem comprei um para minhaliteraturaagora.com.br.Mas estou com um blog novo http://aquiagorasempre.blogs.sapo.pt/
É na plataforma portuguesa sapo.pt.Gostei muito do template,do layout.Me visite lá.Por enquanto vou alternar entre os dois.Me adicione à sua lista.Obrigado e um abraço.
Luma,
Justamente o que penso: jogos eletrônicos são muito mais que uma fonte de diversão: muitos deles exigem dedicação e presistência. E com certeza são uma excelente válvula de escape, e até mesmo deixam seu cérebro mais ágil.
Não vejo lado negativo da maneira como constumam enfatizar, claro que não se deve ficar restritos a uma vida virtual, mas jogar é uma atitude saudável.Luma,
Justamente o que penso: jogos eletrônicos são muito mais que uma fonte de diversão: muitos deles exigem dedicação e presistência. E com certeza são uma excelente válvula de escape, e até mesmo deixam seu cérebro mais ágil.
Não vejo lado negativo da maneira como constumam enfatizar, claro que não se deve ficar restritos a uma vida virtual, mas jogar é uma atitude saudável.
Boa semana pra você também, beijo.
Oi James,
Tô passando por lá, e fico esperando o domínio novo no Minha Literatura Agora.
Abraço.
Adorei,
Passei para fazer essa deliciosa leitura,e desejar lhe
um ótimo final de semana,
Com Boas Energias !
bjs
Mari
Olá Mari,
Bom fim de semana pra você também.
Beijos.
Lu,
Passando aqui prá te convidar para um desafio... sobre Deus...
Basta responder a pergunta proposta no post... Deixe lá nos comentários mesmo... Conto com vc!!!
Abraços,
Oi Mylla,
Tô passando por lá.
Abraços.
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