Leitura Coletiva – O Homem Nu



A Leitura Coletiva é um projeto conjunto do James, do Minha Literatura Agora, e da Vanessa, do Fio de Ariadne. A idéia principal da coletiva é que se releia, ou mesmo se tenha um primeiro contato, com quatro clássicos da nossa literatura:

  • Missa do Galo, de Machado de Assis
  • A Menor Mulher do Mundo, de Clarice Lispector
  • O Homem Nu, de Fernando Sabino
  • Os Noivos, de Nelson Rodrigues

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O Homem Nu talvez seja a crônica mais conhecida de Fernando Sabino, um mineiro que começou cedo na arte de escrever e ao longo da vida alçou seu nome ao patamar dos gigantes, como Drummond, Dinah Silveira de Queiroz, Paulo Mendes Campos, entre outros, sendo merecidamente reconhecido como um dos maiores cronistas deste país, e foi lançada originalmente em 1960, no livro homônimo, pela Editora do Autor.

Nesta crônica, acompanhamos uma manhã na vida de um homem que, através de uma sucessão de inconvenientes acontecimentos, se vê preso do lado de fora de seu apartamento, e, como se isso já não fosse vexatório o bastante, completamente nu. É quase inacreditável como tudo se conecta para dar errado, como tudo conspira contra o pobre, e como o próprio colheu tão somente o que plantou.

Tudo tem seu começo logo ao amanhecer, quando ele propõe à mulher que não atendam ao sujeito que vem cobrar a prestação da televisão, pois se esqueceu de pegar o dinheiro na cidade. Logo em seguida, ele tira a roupa e vai tomar um banho, mas sua mulher já está ocupando o banheiro, então decide fazer um café. Quando sai para apanhar o pão, que o padeiro deixou do lado de fora, cheio de dedos para não ser pego nu, a porta bate impulsionada pelo vento, e nada de abrir. Ele fica preso, do lado de fora da própria casa. E nu.

É claro que ele chama pela mulher, mas ela não responde, pois ele mesmo combinara com ela para que ficassem quietos e não atendessem ao cobrador, então começam os verdadeiros apuros, com vizinhos e empregados subindo e descendo pelo prédio, e ele se escondendo como bem pode, até que sua vizinha da frente, uma senhora idosa, o surpreende, mas o confunde achando que é o padeiro, e alarma todos os moradores, até mesmo aciona a polícia.Só então, depois de toda barulheira, e com os vizinhos correndo para ver o que se passava, é que sua mulher abre a porta, e o “salva” da situação.

É uma crônica bem ao estilo de Fernando Sabino, conta uma situação cotidiana repleta de humor, e que, indiscutivelmente, pode acontecer com qualquer um – ou ao menos com alguém bem azarado.

O Homem Nu foi adaptado para o cinema em 1968, dirigido por Roberto Santos, com roteiro do próprio Fernando Sabino – a se todas as obras fossem adaptadas para o cinema por seus autores – juntamente com Roberto. Em 1997 foi feita uma refilmagem, dirigida por Hugo Carvana. Ambas valem a pena.

E como miséria pouca é bobagem, já dentro de casa, devidamente vestido, a campainha soa. “ Deve ser a polícia”, ele diz, e vai atender.

Era o cobrador da televisão.

________

A Mylla Galvão, do blog Idéias de Milene, também está falando sobre “O homem nu”, leia aqui. Assim como o Mauri Boffil, do blog A Katana de Bambu. Leia aqui.

Já participaram da Leitura Coletiva:

A Missa do Galo – Machado de Assis

A menor mulher do mundo – Clarce Lispector



15 comentários:

Unknown disse...

Gostei muito da sua resenha,Luciano.Um texto objetivo que captou toda a essência do conto.Parabéns e um grande abraço.

Anônimo disse...

Eu comentei lá na Mylla sobre a crônica e em todas as vezes que releio, imagino a cara do 'homem nu' ao se encontrar com o cobrador à porta. Não costumo rir da desgraça alheia mas em certos casos é inevitável!! Boa escolha! Beijus

Luciano A. Santos disse...

James,

Obrigado, foi muito bom participar da coletiva, com certeza esta é uma excelente crônica, o que ajuda muito na hora de se fazer uma resenha.

Abraços.

Luciano A. Santos disse...

Luma,

Também pensei nisso. Não bastasse tudo por que passou ainda dá de cara justamente com a pessoa que estava querendo evitar. So mesmo Fernando Sabino para nos presentear co uma crônica dessa.

Beijo.

Vanessa Anacleto disse...

Poxa, seu post está completíssimo. Profissional. Obrigada pela participação, já coloquei o link pra cá.

Abraço

Luciano A. Santos disse...

Vanessa,

Muito obrigado, eu é que agraeço por poder participar.

Abraços.

Unknown disse...

Gostei muito da crônica e do filme.
Dei boas risadas com Claudio Marzo no papel do próprio.

Luciano A. Santos disse...

Osinete,

Ambos são, realmente, muito bons. É um caso raro onde o filme é tão bom - ou conizente - com a obra original.

Abraços.

Mylla Galvão disse...

Luciano,
Gostei do post. Não sabia que havia um filme a respeito do conto. Mas só de ler o conto já imagino a cena!
Obrigado pela visita! Te espero mais vezes por lá!
Vai participar da blogagem do "Vou de Coletivo" dia 20/08?
Nos meus blogs têm os baners. Dá uma olhada!

Abraços,

Luciano A. Santos disse...

Mylla,

O filme é muito bom, tanto quanto a crônica, vale muito a pena.

Vou ver quais são os temas, talvez participe.

Abraços.

Marina disse...

Se não me engano, teve um seriado da Globo que pegou a idéia desse conto. Foi engraçado.

Adoro essas coisas de Blogagem Coletiva. Vou dar mais uma fuçada para ver como funciona.

Beijos.

Luciano A. Santos disse...

Marina,

Também me lembro um pouco, mas não dou certeza. Eu, particularmente, gosto muito de Blogagens Coletivas, muito se descobre com elas.

Beijos.

Unknown disse...

Luciano,tem um selo para você lá no meu blog.Um abraço.

Luciano A. Santos disse...

James,

Muito obrigado pelo selo, em breve o postarei aqui.

Abraços.

Luciano A. Santos disse...

Olá Dri,

Muito obrigado. Boa semana pra você também.

Beijos.

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