Faz um tempinho que não posto nada sobre o que venho lendo, mas tenho uma explicação – ou desculpa – bastante racional: só tenho lido livros técnicos, de contabilidade, então não seria, acreditem em mim, agradável falar deles aqui. Somente consegui tempo para a literatura agora, que estou de férias. Então vamos lá.
Ken Follett para mim era um nome conhecido, sempre vi livros seus em livrarias, revistas, nas mãos de outras pessoas, mas nunca havia lido nada dele. A oportunidade surgiu quando vi uma promoção no submarino ofertando o Mundo sem Fim (World Without End, 2007) por R$ 9,90. Sei que não se deve fazer isso, mas um livro de mais de 900 páginas, de um escritor renomado, por esse preço é uma oferta tentadora, então comprei. É assim que se faz quando se junta a fome com a vontade de comer: queria ler um livro de Follett, estavam vendendo um a R$9,90.
Mas vamos ao livro.
Mundo sem Fim abrange um período de 34 anos: de 1º de novembro de 1327 à novembro de 1361, nas vidas de Caris Whooler, Merthin Fitzgerald, Ralph Fitzgerald e Gwenda Wighleigh – descendentes dos personagens do livro de maior sucesso do escritor, Os Pilares da Terra – que se conhecem durante a Feira do Velocino de 1327, e a partir de então têm suas vidas entrelaçadas depois de presenciarem uma perseguição a um cavaleiro. Os acontecimentos daquele ano, mais precisamente os ocorridos durante na Feira do Velocino, traça o futuro dos quatro, de forma trágica, tanto para a menina rica Caris Whooler, quanto para os filhos de um Lord em desgraça, Merthin e Ralph Fitzgerald.
O livro relata a vida em um dos maiores vilarejos da Inglaterra naquele tempo, Kingsbridge, em como a sociedade tinha de ser subserviente ao clero, aos nobres, assim como as mulheres aos homens. Não há justiça aparente, e quem se atreve a buscá-la sofre as consequências das sanções impostas por lordes rancorosos e padres sem escrúpulos.
Como sempre não entrarei em detalhes quanto à história, não quero fazer deste post um spoiler, o que comumente pode acontecer quando se fala de um livro ou de um filme. Passarei então a falar sobre o que achei do livro.
Não se pode negar que seja cativante, pois é. Acompanhar a vida dos quatro personagens principais e as transformações pelas quais passam ao longo da narrativa é fascinante, uma luta é desbravada a cada momento, e existem inimigos muitas vezes maiores que os próprios personagens, nas figuras mais improváveis, como o próprio orgulho, o medo, um pai, um tio ou as injustas leis. A vida não é fácil na Inglaterra do século XIV.
Por falar na narrativa, uma coisa que me incomodou um pouco foi o realismo, não sei se esse é o estilo de Follett, mas creio que nada se acrescenta num livro ao se descrever cenas de nudez ou sexo claramente e com um vocabulário um tanto quanto franco. Não era o que eu esperava encontrar num romance histórico, mas o fato me fez lembrar de um livro de Raymond Chandler – não me lembro o título no momento – onde Philip Marlowe cuidava de um escritor de romances históricos classificado por ele como baratos, daqueles com milhares de páginas, cenas de sexo explícito e vendidos a um preço baixo. Sinto muito Follett, seu livro se encaixa na descrição, apesar de eu ter gostado da obra como um todo.
Mundo sem fim me agradou no final das contas. Como já disse, acompanhar o desenrolar da vida dos personagens é agradável, apesar de as coisas nem sempre estarem agradáveis para eles, e as constantes reviravoltas trazem emoção à narrativa.
Gostei de Follett, mas não sinto ânsia para ler mais alguma coisa dele não.
8 comentários:
Luciano,belo post;como sempre, super bem escrito.
Gosto muito de narrativas históricas como essa,e a história parece ser muito interessante.Vou seguir sua dica.
p.s.Você já leu "O Nome da Rosa"do Umberto Eco-grande livro,que se passa na Itália de 1327?(o filme você já deve ter visto)È uma boa pedida,também.
Obrigado pelo post e um grande abraço.
Luciano, depois de ler 900 páginas é compreensível que vc não tenha mais ânsia de ler o cara... :-)
Brincadeiras á parte, vc conhece o blog O que elas estão lendo?, é muito bom. Outra coisa, O livro O nome da Rosa é absurdamente superior ao filme - como acontece no caso de filmagens de livros - e vale a pena ler.
Abraço e bom fds
James,
Também sou fã de narrativas históricas, e o livro, apesar dos pesares, vale a pena.
Nunca li O Nome da Rosa, nem assisti ao filme, mas fica guardada a dica. Do Umberto Eco tenho o A Misteriosa Chama da Rainha Loana, que estou guardando para ler no fim do ano, e que me parece, à primeira vista, ser um livro interessante.
Bom fim de semana, abraços.
Vanessa,
Filmes baseados em livros quase sempre ficam muito aquém da obra original. Há quem diga que a trilogia d'O Senhor do Anéis do Peter Jackson está a altura dos livros, o que discordo, só o fato de terem "sacado fora" Tom Bombadil e sua esposa é um ponto negativo.
Nunca visitei o blog não, mas estou indo lá agora.
Bom fim de semana pra você também, abraços.
Gostei.
bjs:*
Fico feliz, rsrs.
Oi Luciano, pois é deixei de ler Ken Follet justamente por causa disso, ele é criativo a narrativa cativante mas o apelo sexual deixa as coisas desagradávei num certo momento, você se esquece que tipo de livro está lendo, num dos livros dele que li tinham pelo menos 4 páginas inteiras dedicadas a uma transa.
Enfim, na mesma época eu decobri John Grisham e daí não tive condições de continuar com Ken rsrs.
A devo dizer que concordo com quem diz que os filmes do Senhor dos Anéis faz jus aos livros, são os melhores produzidos com base em livro nos últimos anos, é claro que não são perfeitos mas em comparação com Harry Potter por exemplo, bem melhores em se considerando adaptação.
Esse comentári tá longo demais.
:D
Bom fim de seman
Karina,
Pois é, Follet apela demais neste aspecto, o que me incomodou bastante neste livro. Do Grisham tenho O Advogado e O Júri. As revistas falam maravilhas dele, então o hype está alto, rsrs. Espero ter tempo para lê-lo em breve.
Logo logo tem Potter novo nos cinemas, mas meu pé está bem atrás com ele, rsrs.
Abraços e bom fim de semana.
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