"No dia 12 de junho de 2000, um ônibus cheio de passageiros foi sequestrado no Rio de Janeiro, em plena luz do dia. O sequestrador, Sandro do Nascimento, aterrorizou suas vítimas durante 4 horas e meia, enquanto todo o país assistia ao drama transmitido ao vivo pela TV brasileira. Baseado numa extensa pesquisa sobre a cobertura do crime, com entrevistas e documentos oficiais, Ônibus 174 é uma investigação cuidadosa do sequestro - focalizando Sandro do Nascimento, sua infância, e como ele inevitavelmente estava destinado a se tornar um bandido."
Esta é a sinopse deste documentário nacional lançado em 2002 e dirigido por José Padilha, o mesmo diretor de Tropa de Elite. A produção busca retratar a figura de Sandro Barbosa do Nascimento, o sequestrador do ônibus, mergulhando em sua história de vida para que se entenda, ou se procure entender, como ele chegou ao ponto que chegou; sem, em momento algum, apelar para o sensacionalismo, tampouco para o sentimentalismo. Apenas se apresentam os fatos como estes ocorreram. E ponto.
Segundo o documentário, Sandro testemunhou, quando tinha apenas seis anos de idade, o brutal assassinato da mãe, uma pequena comerciante, o que o teria perturbado muito, provocando sua fuga da casa da tia materna, passando a morar na rua.
Como garoto de rua passa a roubar, pedir e usar drogas, sendo condenado várias vezes a medidas sócio-educativas, e, quando maior, à prisão. Sandro era um dos sobreviventes da Chacina da Candelária, ocorrida no Rio em 23 de julho de 1993, onde 6 menores e 2 maiores, todos moradores de rua, foram assassinados por policiais militares. Em junho de 2000, durante o assalto a um ônibus, não vê alternativas a não ser anunciar um sequestro depois que um dos passageiros faz sinal a uma viatura de polícia que passava pelo local.
Ao assistir ao documentário depara-se com uma perspectiva diferente da tragédia. Acompanhando o fato pela cobertura da imprensa, tem-se a visão de um marginal louco, pronto a estourar a cabeça dos reféns a qualquer momento, porém, reféns que sobreviveram ao fato relatam que, diversas vezes, o sequestrador teria dito que não as mataria, tendo, inclusive, "encenado" a execução de uma delas.
O resultado do sequestro é sabido por todos. Depois de quatro horas de terror, onde o sequestrador, por incontáveis vezes esteve sob a mira da polícia e absolutamente nada impedia que agissem, decide sair do ônibus com Geisa Firmo Gonçalves, uma das reféns. Então um policial se adianta, dando um tiro à queima roupa que atingiu não a Sandro Nascimento, mas a sua refém, no rosto. Sandro acaba dominado depois de fazer três disparos que atingem Geisa nas costas, que não resiste, e morre. Sob ameaças de linchamento pela população, é posto em um camburão, e 'sai' dele morto, asfixiado. Todos os policiais foram inocentados por um júri popular.
O que fica claro é como a própria sociedade cria tais marginais, e como a força policial e/ou o sistema carcerário os lapida fazendo com que se tornem piores do que são. Como bem diz um dos entrevistados no documentário, a sociedade trata os moradores de rua como invisíveis, apenas os ignoram, e seus ataques contra a ordem civil nada mais é que um grito de existência, um sinal de que existem. Claro que isto não justifica seus atos, mas faz, sim, sentido. E quando esses ataques ocorrem, a sociedade nada espera a não ser que a polícia faça seu papel, ou o papel que imaginam ser o da polícia, que é o de limpar as ruas de sua presença, mesmo que com seu extermínio, como o comprova uma pesquisa realizada pouco tempo depois da chacina da Candelária, onde grande parte da população apoiou os policiais, alegando que, naquela situação, era o correto a se fazer.
Não sou a favor do que fez o sequestrador, mas será que, se - e somente se - sua mãe não tivesse sido assassinada - grávida de 5 meses - na sua frente, ele teria ido parar nas ruas? E se, uma vez nas ruas e condenado a medidas sócio-educativas, tivesse encontrado nas instituições do Estado o devido apoio que seus estatutos se propõe a dar, ou à finalidade que insistem em afirmar que têm, será que teria chegado a tal nível de marginalidade?
O documentário é excelente, se embrenha pela história de Sandro e mostra uma visão imparcial de todos os fatos daquele dia, desde a apatia da polícia ao que realmente passou as vítimas do sequestro.
Segundo o documentário, Sandro testemunhou, quando tinha apenas seis anos de idade, o brutal assassinato da mãe, uma pequena comerciante, o que o teria perturbado muito, provocando sua fuga da casa da tia materna, passando a morar na rua.
Como garoto de rua passa a roubar, pedir e usar drogas, sendo condenado várias vezes a medidas sócio-educativas, e, quando maior, à prisão. Sandro era um dos sobreviventes da Chacina da Candelária, ocorrida no Rio em 23 de julho de 1993, onde 6 menores e 2 maiores, todos moradores de rua, foram assassinados por policiais militares. Em junho de 2000, durante o assalto a um ônibus, não vê alternativas a não ser anunciar um sequestro depois que um dos passageiros faz sinal a uma viatura de polícia que passava pelo local.
Ao assistir ao documentário depara-se com uma perspectiva diferente da tragédia. Acompanhando o fato pela cobertura da imprensa, tem-se a visão de um marginal louco, pronto a estourar a cabeça dos reféns a qualquer momento, porém, reféns que sobreviveram ao fato relatam que, diversas vezes, o sequestrador teria dito que não as mataria, tendo, inclusive, "encenado" a execução de uma delas.
O resultado do sequestro é sabido por todos. Depois de quatro horas de terror, onde o sequestrador, por incontáveis vezes esteve sob a mira da polícia e absolutamente nada impedia que agissem, decide sair do ônibus com Geisa Firmo Gonçalves, uma das reféns. Então um policial se adianta, dando um tiro à queima roupa que atingiu não a Sandro Nascimento, mas a sua refém, no rosto. Sandro acaba dominado depois de fazer três disparos que atingem Geisa nas costas, que não resiste, e morre. Sob ameaças de linchamento pela população, é posto em um camburão, e 'sai' dele morto, asfixiado. Todos os policiais foram inocentados por um júri popular.
O que fica claro é como a própria sociedade cria tais marginais, e como a força policial e/ou o sistema carcerário os lapida fazendo com que se tornem piores do que são. Como bem diz um dos entrevistados no documentário, a sociedade trata os moradores de rua como invisíveis, apenas os ignoram, e seus ataques contra a ordem civil nada mais é que um grito de existência, um sinal de que existem. Claro que isto não justifica seus atos, mas faz, sim, sentido. E quando esses ataques ocorrem, a sociedade nada espera a não ser que a polícia faça seu papel, ou o papel que imaginam ser o da polícia, que é o de limpar as ruas de sua presença, mesmo que com seu extermínio, como o comprova uma pesquisa realizada pouco tempo depois da chacina da Candelária, onde grande parte da população apoiou os policiais, alegando que, naquela situação, era o correto a se fazer.
Não sou a favor do que fez o sequestrador, mas será que, se - e somente se - sua mãe não tivesse sido assassinada - grávida de 5 meses - na sua frente, ele teria ido parar nas ruas? E se, uma vez nas ruas e condenado a medidas sócio-educativas, tivesse encontrado nas instituições do Estado o devido apoio que seus estatutos se propõe a dar, ou à finalidade que insistem em afirmar que têm, será que teria chegado a tal nível de marginalidade?
O documentário é excelente, se embrenha pela história de Sandro e mostra uma visão imparcial de todos os fatos daquele dia, desde a apatia da polícia ao que realmente passou as vítimas do sequestro.
Tudo naquele dia poderia ter sido diferente, mas fazer conjecturas, a esta hora, é fácil.
Abaixo o trailler do filme - em inglês e baixa qualidade :(
Ônibus 174 no Imdb.
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